sexta-feira, 6 de março de 2015

Recursos Hídricos no Mundo. HAMEH,I.(2009)



HAMEH,Ioná. Recursos Hídricos no mundo. Hidrologia e gestão de recursos    hídricos. InstitutoFederal de Pernambuco,2009

Tratando de recursos hídricos mundiais, considera-se, atualmente, que a quantidade total de água na Terra tem permanecido mais ou menos constante durante os últimos 500 milhões de anos. Contudo, as quantidades estocadas nos reservatórios individuais (oceanos, subsolo, lagos, rios, etc.) variam ao longo deste período. Aproximadamente 97,5% do total de água do planeta é de água salgada, que forma os oceanos, e somente 2,5% são de água doce. Grande parte desta água doce, cerca de 68,7%, encontra-se nas calotas polares e geleiras, que não estão disponíveis ao consumo; 30,1% correspondem aos reservatórios de água subterrânea e 1,2% são águas superficiais (rios, lagos, atmosfera, etc.). A água doce contida nos rios e lagos, que constituem a forma de armazenamento mais acessível ao uso humano e de ecossistemas, corresponde apenas a 0,27% do volume total de água doce da Terra e a 0,007% do volume total mundial. Observamos, com isso, que mesmo a Terra apresentando um volume muito grande de água (1.386 milhões de km3), o que realmente está disponível para ser aproveitado são apenas 0,007% deste total.


Total de água na Terra e distribuição de água doce no planeta.

Fonte: Adaptado de Setti et al, 2001

A distribuição espacial dos recursos hídricos no mundo é muito variável, assim como a distribuição demográfica. Em uma análise da disponibilidade hídrica por unidade de área de cada país, podemos observar que grandes diferenças existem na distribuição geográfica dos recursos hídricos. A Mauritânia, por exemplo, possui uma disponibilidade hídrica de 388,3 m3/km2.ano, enquanto que o Panamá apresenta 1.800.000 m3/km2. ano. O mesmo ocorre com a disponibilidade hídrica por habitante (per capita). Tanto a má distribuição espacial dos recursos hídricos como da população sobre a Terra geram os mais variados cenários. Existem situações em que a escassez se dá pela baixa disponibilidade hídrica na região em um dado momento, em outras, mesmo havendo alta disponibilidade, a escassez é ocasionada devido a uma excessiva demanda de utilização dos recursos hídricos.
O consumo per capita de água é afetado por diversos fatores, como clima, porte e condições econômicas da comunidade, grau de industrialização, custo da água, entre outros. Constitui-se um importante indicador de grau de desenvolvimento das comunidades. Para se ter ideia, um povoado rural, com uma faixa de população menor que 5.000 habitantes, apresenta, em média, um consumo per capita de 90 a 140 litros/hab.dia, enquanto que, em grandes cidades, o consumo pode chegar a 300 l/hab.dia (Sperling, 1996).
O conceito de estresse hídrico baseia-se nas necessidades mínimas de água de um indivíduo para manter um padrão de qualidade de vida adequado em regiões moderadamente desenvolvidas, situadas em zonas áridas. Partimos do pressuposto de que um volume de 100 litros diários (36,5 m3/ano) representa o requisito mínimo de água para suprir as necessidades domésticas e manutenção de um nível adequado de saúde. A experiência tem demonstrado que países em desenvolvimento e relativamente eficientes no uso da água requerem entre 5 e 20 vezes o valor de 36,5 m3/hab.ano para satisfazer também às necessidades dos usos da água (agricultura, indústria, geração de energia, entre outros). Baseados nisso e no conceito de estresse hídrico, foram definidos patamares específicos para classificar a situação de disponibilidade hídrica de uma região.

**Texto retirado do artigo Hidrologia e gestão de recursos hídricos, da Professora Ioná Hameh (2009), professora do Instituto Federal de Pernambuco.

Referencias:

BARTH, F. T.; BARBOSA, W. E. S. Recursos Hídricos. Texto não publicado.
1999. 46 p.

BRASIL, Agência Nacional de Águas (ANA). Disponibilidade e demandas
de recursos hídricos no Brasil. Cadernos de Recursos Hídricos. Brasília: Agência Nacional de Águas, 2005a. 134 p.

BRASIL, Agência Nacional de Águas (ANA). Panorama da qualidade das águas subterrâneas no Brasil. Cadernos de Recursos Hídricos. Brasília: Agência Nacional de Águas, 2005b. 80 p.

BRASIL. Agência Nacional de Águas (ANA). A Evolução da gestão dos recursos hídricos no Brasil = The evolution of water resources management in Brazil. Brasília: Agência Nacional de Águas, 2002. 64 p.(Edição comemorativa do Dia Mundial da Água).

PORTO, R. L. L.; FILHO, K. Z.; SILVA, R. M. Bacias hidrográficas. Texto da disciplina Hidrologia Aplicada. Escola Politécnica de São Paulo. Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária. 1999. 35 p.

PORTO, R. L. L.; FILHO, K. Z. Introdução à Hidrologia- ciclo hidrológico e balanço hídrico. Texto da disciplina Hidrologia Aplicada. Escola Politécnica de São Paulo. Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária. 1999. 35 p.

SETTI, A. A.; LIMA, J. E. F. W; CHAVES, A. G. M.; PEREIRA, I. C. Introdução ao gerenciamento dos recursos hídricos. 2ª. Ed. Brasília: Agência Nacional de Energia Elétrica, Superintendência de Estudos e Informações Hidrológicas, 2001. 207 p.

TUCCI, C. E. M. Hidrologia: ciência e aplicação. 2ª Ed. Porto Alegre: Edit. Universidade/ UFRGS: ABRH, 2001. 943p

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