HAMEH,Ioná. Recursos Hídricos no mundo. Hidrologia
e gestão de recursos hídricos. InstitutoFederal de Pernambuco,2009
Tratando de recursos hídricos mundiais, considera-se, atualmente, que a quantidade total de água na Terra tem permanecido mais ou menos constante durante os últimos 500 milhões de anos. Contudo, as quantidades estocadas nos reservatórios individuais (oceanos, subsolo, lagos, rios, etc.) variam ao longo deste período. Aproximadamente 97,5% do total de água do planeta é de água salgada, que forma os oceanos, e somente 2,5% são de água doce. Grande parte desta água doce, cerca de 68,7%, encontra-se nas calotas polares e geleiras, que não estão disponíveis ao consumo; 30,1% correspondem aos reservatórios de água subterrânea e 1,2% são águas superficiais (rios, lagos, atmosfera, etc.). A água doce contida nos rios e lagos, que constituem a forma de armazenamento mais acessível ao uso humano e de ecossistemas, corresponde apenas a 0,27% do volume total de água doce da Terra e a 0,007% do volume total mundial. Observamos, com isso, que mesmo a Terra apresentando um volume muito grande de água (1.386 milhões de km3), o que realmente está disponível para ser aproveitado são apenas 0,007% deste total.
Total de água na Terra e distribuição de
água doce no planeta.
Fonte: Adaptado de
Setti et al, 2001
A distribuição
espacial dos recursos hídricos no mundo é muito variável, assim como a
distribuição demográfica. Em uma análise da disponibilidade hídrica por unidade
de área de cada país, podemos observar que grandes diferenças existem na
distribuição geográfica dos recursos hídricos. A Mauritânia, por exemplo,
possui uma disponibilidade hídrica de 388,3 m3/km2.ano, enquanto que o Panamá
apresenta 1.800.000 m3/km2. ano. O mesmo ocorre com a disponibilidade hídrica
por habitante (per capita). Tanto a má distribuição espacial dos
recursos hídricos como da população sobre a Terra geram os mais variados
cenários. Existem situações em que a escassez se dá pela baixa disponibilidade
hídrica na região em um dado momento, em outras, mesmo havendo alta
disponibilidade, a escassez é ocasionada devido a uma excessiva demanda de utilização
dos recursos hídricos.
O consumo per
capita de água é afetado por diversos fatores, como clima, porte e
condições econômicas da comunidade, grau de industrialização, custo da água,
entre outros. Constitui-se um importante indicador de grau de desenvolvimento
das comunidades. Para se ter ideia, um povoado rural, com uma faixa de
população menor que 5.000 habitantes, apresenta, em média, um consumo per
capita de 90 a 140 litros/hab.dia, enquanto que, em grandes cidades, o consumo pode
chegar a 300 l/hab.dia (Sperling, 1996).
O conceito de
estresse hídrico baseia-se nas necessidades mínimas de água de um indivíduo
para manter um padrão de qualidade de vida adequado em regiões moderadamente
desenvolvidas, situadas em zonas áridas. Partimos do pressuposto de que um
volume de 100 litros diários (36,5 m3/ano) representa o requisito mínimo de
água para suprir as necessidades domésticas e manutenção de um nível adequado
de saúde. A experiência tem demonstrado que países em desenvolvimento e
relativamente eficientes no uso da água requerem entre 5 e 20 vezes o valor de
36,5 m3/hab.ano para satisfazer também às necessidades dos usos da água
(agricultura, indústria, geração de energia, entre outros). Baseados nisso e no
conceito de estresse hídrico, foram definidos patamares específicos para
classificar a situação de disponibilidade hídrica de uma região.
**Texto retirado
do artigo Hidrologia e gestão de recursos hídricos, da Professora Ioná Hameh
(2009), professora do Instituto Federal de Pernambuco.
Referencias:
BARTH, F. T.;
BARBOSA, W. E. S. Recursos Hídricos. Texto não publicado.
1999. 46 p.
BRASIL, Agência
Nacional de Águas (ANA). Disponibilidade e demandas
de recursos
hídricos no Brasil. Cadernos
de Recursos Hídricos. Brasília: Agência Nacional de Águas, 2005a. 134 p.
BRASIL, Agência
Nacional de Águas (ANA). Panorama da qualidade das águas subterrâneas no
Brasil. Cadernos de Recursos Hídricos. Brasília: Agência Nacional de
Águas, 2005b. 80 p.
BRASIL. Agência
Nacional de Águas (ANA). A Evolução da gestão dos recursos hídricos no
Brasil = The evolution of water resources management in Brazil.
Brasília: Agência Nacional de Águas, 2002. 64 p.(Edição comemorativa do Dia
Mundial da Água).
PORTO, R. L. L.;
FILHO, K. Z.; SILVA, R. M. Bacias hidrográficas. Texto da disciplina
Hidrologia Aplicada. Escola Politécnica de São Paulo. Departamento de
Engenharia Hidráulica e Sanitária. 1999. 35 p.
PORTO, R. L. L.;
FILHO, K. Z. Introdução à Hidrologia- ciclo hidrológico e balanço hídrico.
Texto da disciplina Hidrologia Aplicada. Escola Politécnica de São
Paulo. Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária. 1999. 35 p.
SETTI, A. A.;
LIMA, J. E. F. W; CHAVES, A. G. M.; PEREIRA, I. C. Introdução ao
gerenciamento dos recursos hídricos. 2ª. Ed. Brasília: Agência
Nacional de Energia Elétrica, Superintendência de Estudos e Informações Hidrológicas,
2001. 207 p.
TUCCI, C. E. M. Hidrologia:
ciência e aplicação. 2ª Ed. Porto Alegre: Edit. Universidade/ UFRGS: ABRH,
2001. 943p
0 comentários:
Postar um comentário