Rebaixamento de Lençol Freático
Os aquíferos
encontram-se em profundidades variadas, dependendo do local e topografia.
Quando não são muito profundos, muitas vezes interferem nas obras que são
executadas abaixo da superfície como a construção de subsolos, infra-estrutura
subterrânea, túneis, entre outras.
Quando ocorre
essa situação, o rebaixamento do lençol freático é uma técnica muito utilizada,
podendo ser temporário ou permanente.Existem alguns métodos de rebaixamento de
lençol freático, sendo os mais utilizados:
- Bombeamento
direto
- Ponteiras
filtrantes
- Poços
profundos
- Drenagem por
eletrosmose
- Drenos
verticais de alívio
- Drenos
horizontais profundos
Porém,
dependendo da geologia da região, o efeito do rebaixamento pode atingir grandes
distâncias, causando efeitos indesejáveis. O rebaixamento diminui a umidade
média e consequentemente a pressão neutra do solo, provocando adensamento do
terreno, ou seja, o solo pode ceder e recalcar.
Métodos de Rebaixamento de Lençol
Fréatico:
POÇOS PROFUNDOS
Podem ser de dois tipos: Com o emprego
de Injetores e Bombas de recalque submersas de eixo vertical
INJETORES
No sistema de
rebaixamento com o emprego de injetores, são executado poços de diâmetro entre
200 e 400 mm e profundidade de até 40 m nos quais se instalam os injetores.
Esses poços são perfurados com distância entre eles variando entre 4 e 8 m.
A vantagem desse
sistema é a possibilidade de rebaixar o nível do lençol freático a grandes profundidades,
tornando-se economicamente mais vantajoso quando comparado com o sistema de
ponteiras filtrantes com mais de 3 níveis.
BOMBAS DE RECALQUE SUBMERSAS
O sistema de
rebaixamento por poços de bombeamento é utilizado para qualquer tipo de solo e
de rocha. Os poços podem ser construídos com o espaçamento pré-determinado, porém,
normalmente são posicionados individualmente, em função do tipo e das condições
do solo, possibilitando maior eficiência no sistema de rebaixamento.
O rebaixamento
do lençol freático executado por este sistema pode atingir grandes áreas, em
formato de cone, chamado de cone de rebaixamento. A extensão da área atingida é
medida pela distância máxima de ocorrência de rebaixamento a partir do poço em
operação. Nos lençóis freáticos que estão confinados ou sob pressão, essa
distância pode atingir a centenas de metros.
Galeria de Drenagem:
As galerias de
drenagem são utilizadas quando outros sistemas são inviáveis ou insuficientes
para alcançar o rebaixamento pretendido ou para a retirada de grande volume de
água. Normalmente são utilizadas em maciços rochosos sob fundações de
barragens, em taludes e em cavas de mineração. Devido ao elevado custo na
construção da galeria, esse sistema não é muito empregado no Brasil.
As galerias possuem
calçadas e locais apropriados para o tráfego de operários e equipamentos.
Ponteiras Filtrantes:
Também
conhecidas pela denominação sistemas de poços filtrantes, as ponteiras
filtrantes permitem executar o rebaixamento do nível do lençol freático de toda
a área de trabalho. São frequentemente empregadas, podendo ser utilizadas em
solos moles (solos de baixa consistência).
Ponteiras - são tubos de ferro
galvanizado ou de PVC, com diâmetros entre 1 ¼” e 1 ½” e comprimento entre 0,30
a 1,00 m, perfurados e envolvidos por tela de nylon com malha de 0,6 mm ou por
geotêxtil. Cada ponteira permite a retirada de uma vazão da ordem de 1 m³ por
hora, alcançando, em condições favoráveis, no máximo 2 m³ por hora.
Câmara de vácuo - é um recipiente
constituído por um cilindro ou prisma quadrangular, estanque, ligado a uma
bomba de vácuo e ao tubo coletor por onde é extraída a água do solo por meio de
sucção através das ponteiras. O recalque da água é executado por uma bomba
centrífuga de recalque.
Bomba de vácuo - as bombas de vácuo são
acopladas à câmara de vácuo ou a uma tubulação de descarga disposta ao longo
das ponteiras no caso da não existência da câmara.
A bomba retira o ar, reduzindo a pressão
atmosférica no interior da tubulação ou da câmara, fazendo a sucção da água do
solo por intermédio das ponteiras filtrantes e do coletor.
Execução
Primeiramente
executa-se a instalação das ponteiras. Esta etapa é feita perfurando-se poços
com diâmetro variando entre 10 e 15 centímetros e inserindo, nos poços, as
ponteiras conectadas a tubos que vão até acima da superfície. A profundidade
que as ponteiras serão instaladas deve ser um pouco maior do que a do ponto
mais baixo de escavação e o espaçamento entre elas não deve ser inferior a 15
vezes o diâmetro do tubo.
Drenos
Existem dois
tipos de drenos, sendo eles, o Dreno de Alívio e o Dreno Horizontal Profundo.
Dreno de Alívio - os drenos de alívio
têm a função de auxiliarem na redução da pressão da água no interior do solo.
Podem ser empregados na fundação de aterros ou para a consolidação de
fundações.
Dreno Horizontal Profundo - os DHP têm a
função de captam as águas distantes da face do talude antes que nela aflorem.
Ao captá-las, eles as conduzem ao paramento e as despejam nas canaletas.
Bombeamento direto
O bombeamento
direto é o mais simples de todos os sistemas de rebaixamento do lençol
freático. Também denominado de esgotamento de vala, este método consiste em
recalcar a água para fora da área de trabalho, conduzindo-a por meio de valetas
executadas no fundo da escavação, e acumulada em um ou vários poços construídos
abaixo da escavação.
Em casos de
terrenos inclinados pode-se construir uma valeta para afastamento das águas
coletadas, dispensando o bombeamento. A água retirada deverá ser encaminhada
para a rede de drenagem mais próxima.
O carregamento
de partículas finas do solo pela água pode acarretar, por solapamento,
recalques acentuados em estruturas vizinhas à escavação, em particular nas ruas
e calçadas. Nestes casos, pode-se afetar a infraestrutura pública como as
tubulações de água, esgoto, gás, telefone entre outros. Nas escavações em
terrenos permeáveis, devido à diferença de carga, o nível d’água interno a
escavação abaixa mais rapidamente que o nível externo, causando um fluxo de
água para dentro da escavação pelo fundo da vala ocorrendo o fenômeno da areia
movediça. Escavação em terreno permeável com diferença de carga
Execução
1.
Abrem-se
valetas de crista para a coleta das águas das chuvas;
2.
No
contorno da escavação, executa-se uma vala profunda, atingindo a camada
impermeável ou o lençol freático, e instalam-se as bombas de recalque que devem
operar até a extração total da água do maciço.
Drenagem por eletrosmose:
Consiste na
aplicação de uma corrente elétrica continua, criando um gradiente adicional de
natureza elétrica que acelera o movimento da água nos vazios do solo.
Como funciona?
O sistema é
executado, instalando-se ponteiras filtrantes que consistem em cátodos,
eletrodo com carga negativa, e hastes que consistem em ânodos, eletrodo com
carga positiva. Os eletrodos são instalados aproximadamente 2 metros abaixo do
fundo da escavação com espaçamento entre cátodos variando entre 8 e 12 metros,
intercalados pelo ânodo.
Este sistema
utiliza muita energia elétrica. Este método é mais utilizado como um processo
de estabilização do solo de talude e fundo de poço, não sendo muito utilizado
no Brasil.
Escolha do Sistema de Rebaixamento do
Lençol Freático
Para a escolha
do sistema de rebaixamento a ser utilizado, é essencial a avaliação do dano ou
interferência que o fluxo do lençol freático pode causar à obra. Se for pouca
interferência, pode-se utilizar apenas drenos e poços rasos para retirar do
local o excesso da água. Se os danos forem maiores ou estiverem inviabilizando
a obra, pode-se adotar um sistema efetivo de rebaixamento temporário ou
definitivo do lençol freático. Os sistemas convencionais de rebaixamento são
com o uso de ponteiras filtrantes e poços profundos.
A análise para a escolha do sistema a
ser utilizado requer as seguintes informações:
• Nível estático
do lençol freático;
• Cota do
horizonte impermeável;
• Cota do fundo
da escavação;
• Croqui de
localização da área com detalhes de rios, vales, lagos, mar;
• Sondagens SPT
– Standard Penetration Test e descrição litológica.
Os fatores que mais influenciam na
escolha do sistema são:
·
Tipo
de obra: para escavações rasas e rebaixamento até 6 metros, deve-se adotar um
sistema de rebaixamento com ponteiras filtrantes. Quando a necessidade do
rebaixamento for maior, deve-se prever um sistema de rebaixamento por poços
profundos e bombas submersas para grandes vazões de água ou injetores para
vazões menores.
·
Condições
da superfície: a formação geológica e a natureza do subsolo, assim como a
permeabilidade e a drenabilidade do solo ou rocha são de extrema importância e
podem definir o sistema de rebaixamento a ser utilizado.
·
Altura
de rebaixamento e quantidade de água a ser bombeada: é essencial a avaliação da
quantidade de água que fluirá para o interior da escavação. Dependendo da vazão
a ser rebaixada e da profundidade, determina-se o sistema de rebaixamento e os
equipamentos a serem utilizados.
Consequências e impactos decorrentes do
rebaixamento:
O rebaixamento
do lençol freático induz uma diminuição das pressões neutras e,
consequentemente, o aumento das pressões efetivas no solo. Nestes casos, podem
ocorrer recalques indesejáveis em estruturas localizadas na vizinhança da obra,
podendo chegar a distâncias de 100 metros. Recalque é o abaixamento da
superfície do terreno em virtude da retirada da água subterrânea das
proximidades. O recalque pode provocar rachaduras no solo e em construções. Em
casos extremos pode levar ao seu desmoronamento. Estes recalques são mais
frequentes quando existem construções apoiadas sobre aquíferos permeáveis
Todas as
possibilidades devem ser previstas pelo projetista, que deve recomendar a
colocação de pinos de recalque nos vizinhos, selamento de trincas e fissuras
existentes e eventuais medidas jurídicas cabíveis. Também há o problema de
natureza ambiental. O sistema de rebaixamento retira a água dos lençóis
freáticos, que, em alguns casos, poderia ser utilizada para abastecimento. A
água retirada, muitas vezes, não é reaproveitada, sendo lançada na sarjeta.
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