HAMEH, Ioná. Abrangência Atual do Território do Semiárido. Instituto Federal de
Pernambuco, Gestão de Recursos Hídricos, 2009.
Abrangência Atual do Território do Semiárido
O Semiárido ocupa uma
área de, aproximadamente, 980.000 km2 e possui 12,2% da população brasileira.
Com forte insolação, altas temperaturas e elevadas taxas de evapotranspiração,
além de baixos e irregulares índices pluviométricos, o Semiárido brasileiro é
uma região altamente vulnerável às secas.
Definiu-se como
semiárido “a região inserida na área de atuação da Superintendência de
Desenvolvimento do Nordeste - SUDENE, com precipitação pluviométrica média
anual igual ou inferior a 800mm, definida em portaria daquela Autarquia”.
Esta definição é de acordo com a Lei 7.827, de 27 de dezembro de 1989, que
criou e estabeleceu as condições de aplicação dos recursos dos Fundos
Constitucionais de Financiamento do Norte (FNO), do Nordeste (FNE) e do
Centro-Oeste (FCO). Em 2001, com a extinção da SUDENE, o Ministério da
Integração Nacional assumiu a atribuição de posicionar-se acerca dos pleitos de
inclusão de municípios interessados em beneficiar-se do tratamento diferenciado
das políticas de crédito e benefícios fiscais conferido ao semiárido
brasileiro. Atualmente, este Ministério reconheceu que a definição
anteriormente adotada, baseada somente na precipitação média anual dos
municípios dessa região, era inadequada e definiu novos limites para a área
geográfica de abrangência do semiárido brasileiro.
Para a nova
delimitação, um grupo de trabalho do Ministério da Integração Nacional tomou
por base três critérios técnicos:
1) Precipitação pluviométrica média anual
inferior a 800 milímetros;
2) Índice de aridez de até 0,5 calculado pelo
balanço hídrico que relaciona as precipitações e a evapotranspiração potencial,
no período entre 1961 e 1990;
3) Risco de seca maior que 60%, tomando-se
por base o período entre
1970 e 1990.
O Índice de Aridez é definido como a razão entre a precipitação e a evapotranspiração
potencial. Este índice estabelece as classes climáticas (hiperárido, árido,
semiárido, subúmido seco e subúmido úmido), sendo um dos critérios adotados
pela Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação, para classificar
as áreas susceptíveis à desertificação. O Balanço Hídrico consiste em comparar a quantidade de água recebida
pelo ambiente, através das chuvas, com a quantidade perdida pela
evapotranspiração (evaporação do solo e transpiração das plantas).
Com isso, além dos já
incorporados 1.031 municípios, passaram a fazer parte outros 102 novos
municípios, que atenderam a, pelo menos, um dos critérios descritos. Desta
forma, a área classificada oficialmente como semiárido aumentou de 892.309,4Km²
para 969.589,4km². O Estado de Minas Gerais teve o maior número de inclusões na
nova lista - dos 40 municípios anteriores, passou para 85. Portanto, são, hoje,
1.133 municípios os integrantes do novo semiárido brasileiro. Conforme estudos
climáticos, a oferta insuficiente de água nesta região não é devido apenas à
falta de chuvas, e, sim, a sua má distribuição, associada a uma alta taxa de
evapotranspiração, resultando no fenômeno conhecido por todos nós: as secas.
A Convenção das
Nações Unidas de Combate à Desertificação- UNCCD define que o fenômeno da
desertificação ocorre nas regiões áridas, semiáridas e subúmidas
secas e estabelece como critério para delimitação dessas áreas o
Índice de Aridez (THORNTHWAITE, 1941), o qual é dado pela razão entre a
precipitação e a evapotranspiração potencial (ET).
Dessa maneira,
seguindo o critério estabelecido pela UNCCD, a Secretaria de Políticas de
Desenvolvimento Regional (SDR/MI, 2005) realizou estudos para reavaliação da
área compreendida no Semiárido brasileiro. Foram utilizadas, para cálculo das
precipitações, séries históricas de 1.255 estações pluviométricas da SUDENE,
INMET e entidades estaduais de Meteorologia.
Semiárido e Subúmido Seco do
Brasil, de acordo com o índice de aridez Fonte: SDR/MI, 2005.
**Texto retirado do
livro Gestão de recursos hídricos, de Ioná Hameh, professora do Instituto
Federal de Pernambuco, 2009.
Bibliografia
Recomendada
BRASIL. Agência
Nacional de Águas (ANA). A Evolução da gestão dos recursos hídricos no Brasil =
The evolution of water resources management in Brazil. Brasília: Agência
Nacional de Águas, 2002. 64 p. (Edição comemorativa
do Dia Mundial da
Água).
CIRILO, J.A.; CABRAL,
J.J.S.P.; FERREIRA, J.P.C.L.; OLIVEIRA, M.J.P.M.; LEITÃO, T.E.; MONTENEGRO,
S.M.G.L.; GÓES, V.C.. O Uso Sustentável dos Recursos Hídricos em Regiões
Semiáridas. Recife. Editora Universitária da UFPE, 2007. 508 p.
ANA/MMA. Atlas
Nordeste - Abastecimento Urbano de Água. Brasília - DF. 2006 Disponível em:
< http://atlas_nordeste.ana.gov.br/atlas_nordeste/ nw_downloads.htm>
Acesso em: agosto/2009.
GNADLINGER, J.
Captação de Água de Chuva na Região Nordeste do Brasil. 2000. Disponível em: http://www.irpaa.org.br/colheita/indexb.htm Acesso em:
agosto/2009.
SDR/MI. Relatório
Final do Grupo de Trabalho Interministerial para Redelimitação do Semiárido
Nordestino e do Polígono das Secas. Brasília – DF,2005.
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